Marxismo


MARXISMO



termo marxismo é o mais ajeitado para compreender todas as doutrinas antisociais ou hipersocias, desde o revisionismo de Bemstein, passando pola social-democracia, até o comunismo mais ou menos eslavizante ou pseudoeslavizante. No fundo, tanto tem unha cousa coma a outra. Nom há, entre essas doutrinas unha diferencia essencial. Todas vam ao mesmo.
O marxismo é unha fé universalmente compartida ou tolerada na Alemanha. Nom há mais que duas forças que se lhe oponham, até certo ponto: o catolicismo que na sua derivaçom política tem que tolerar e ainda colaborar cos marxistas e o nacional-socialismo que se lhe opor em certa forma nada mais.
A colaboraçom cos marxistas é para mim o único lixo do catolicismo alemám, ainda que por outra banda seja tenho-o que reconhecer e admirar um altíssimo exemplo de sacrifício pola Pátria, diante do cal temos que baixar a cabeça. O nacional-socialismo é anti-marxista desde a oposiçom; nom sabemos se o poderia ser igual o dia que governa-se.

Alemanha está saturada de marxismo. O marxismo aqui já manda, governa, insurge-se, revolve, coacçoa, chantagea, propaga-se, adoutrina, educa, ensina, socializa, poetiza, cientí fiza, explana, pressuposta, edita, publica, mina, fura, desfai, impo-se, domina e senhorea. Nom sei se nom terá chegado já ao máximo da sua curva ascendente; é de temer para ele que si, e pobre da Alemanha se assi nom é. Claro está que ficam alonjadas dele partes consideráveis da sociedade nobres, nacionalistas, muitos capitalistas, militares, católicos, gram parte da classe meia, professores e elemento universitário e intelectual etc., e que estas partes da sociedade nom semelham tam resignadas coma noutros lados. Nom embargante, coido que ainda triunfando na Alemanha a contra-revoluçom, polo momento havia deixar muito do marxismo subsistente; ainda que também digo que, dadas as circunstancias favoráveis, havia ser aqui o único país onde se atrevessem a nom deixar dele nem a ponta do rabo.

O marxismo é unha fé. A doutrina marxista está refutada por enteiro desde a sua apariçom, refutada e desfeita de tal jeito que dela nom se pode salvar mais que a penas unhas cantas ideias da crítica que fai do sistema capitalista –ó tender este a produzir exclusivamente mercancia, por exemplo; o cal é mais bem que do capitalismo, do sistema de fábrica e de máquinas, que o marxismo nom se propor des truir se nom estender e desenrolar. E nom embargantes, a gente segue crendo nele. Crem pola fé. Os socialistas sabem bem isto, e por isso nom soem defender o marxismo dos ata ques dos seus inimigos; sabem que a estes nom os ham con vencer, e entom limitam a sua propaganda á gente ignorante ou aos já convencidos. E tenham um jeito para consegui-lo infalível: repetir. nom porfiam, afirmam. Repetem, afirmam a mesma cousa um dia e outro dia. Tampouco se matam muito a cabeça a discorrerem. Repetem case que sempre os mesmos argumentos sofísticos do mestre; o mais que fam é i-los apli cando aos assuntos que se andam debatendo no momento. Das Kapital é o seu Korán que nom pode ser discutido, porque é infalível. Sobre ele somente podem falar os intér pretes, os lemas do socialismo. Sabida é a consideraçom de que gozam no mundo socialista coma no caso de Mahoma os primeiros companheiros do Profeta, coma Engels e ainda os seus parentes. Ata se dá a casualidade de haver um genro de Marx, Paul Lafargue, gram figura autorizada do socialismo, coma Ah, o genro de Mahoma, no islám. Se semita era Mahoma, semita era Marx.


De aqui a minha suspeita de se o marxismo nom será sus citado polo instinto de vingança da raça judaica, se nom será, em certo jeito, unha sorte de resposta ao antigo semitismo. Isto veremo-lo despóis.

O marxismo é unha fé, e esta fé mantém-se dum senti mento. Este sentimento é a xenreira, se nom justa, justificada em muitos casos, em todo caso natural e lógica, conhecida a natureza humana, dos de embaixo aos de arriba; a inveja
do que nom tem ao que tem, do que nom pode ao que pode, do que nom sabe ao que sabe. Esta inveja, esta xenreira, é pouco mais menos de todolos tempos e de todolos lugares. É o que chamou Nietzsche o ódio das tchandála, das parias. A revolta destes tampouco é nengumha cousa nova na historia; a revoluçom social nom é ningún invento do nosso tempo; repete-se com certa periodicidade. O que acontece agora, e cicais aconteceu também noutros tempos, é que a revolta se produz contra unha classe dominante, que em geral, nom aparece dotada de nengumha superioridade realmente respeitável. Produz-se contra da classe capitalista que, surtida do tiersétat, empoleirou-se choutando por riba deste e deixando abaixo a sua melhor parte, ou seja, a que se tinha convertido em classe intelectual, e que a classe capitalista colheu unhas vezes ao seu serviço, protegeu outras desde a sua altura e case que a jeito de esmola, e despreciou outras moitas. A revolta produz-se hoje contra dumha timocracia, contra dumha plutocracia, a única superioridade da cal, polo menos assi á vista, semelha ser a do dinheiro, e que nom tem unha base natural onde cimentar o seu prestigio. As aristocracias do sangue possuem um prestígio natural, a gente instintivamente reconhez-lhe-lo, sente-se incautamente levada ao respeito diante delas, proba de que a superioridade do sangue é unha verdadeira superioridade real e positiva, descansa em algo certo, em algo de evidencia que nom pode ser destruída, a pesar de canto contra dela se poda discorrer, escrever e falar. Porque é unha superioridade de ordem vital. Em troques a do dinheiro, nom; a do dinheiro polo geral, irrita e alporiça à gente, com um instinto que se revolve decote contra dos senhores improvi sados, contra dos novos ricos, contra dos que nom eram ninguém, e somente por terem ganhado quartos se convertem logo em pessoas. O nosso povo galego tem para eles unha expressom despeitiva característica; senhores de para acá. Em todos lados, a sátira assanha-se com eles. Por algo é este.

Claro está que no novo mundo do negocio e da industria, topam-se homes de verdadeiro valor vital: grandes criadores de empresas,Prometers; capitais de industria, grandes manipuladores de homes e de milhons, que podem ser postos em comparaçom cos grandes heróis, cos fundadores de povos, cos políticos de génio. Spengler ergueu coma representativo do nosso tempo e do futuro próximo, o tipo de Cecil Rhodes, coma unha das grandes figuras representativas da historia. Cambó assegura que o que mais se assemelha a um gram governante, é o gerente dumha grande empresa. nom embargantes, adentro da nossa cultura polo menos, nengumha actividade de ordem económica, por ergueita que seja, se con sidera coma nobre.

Os heróis dos contos das Mil e Umha Noites som muitas vezes mercadores. Sindbad o Marinho é um mercador. nom pode acontecer outro tanto numha novela, num poema ocidental. O comercio e a industria som para nós o mais antipoético que se poda conceber. Ademais, em Sindbad e nos mercadores dasMil e Unha Noites; existe um elemento heróico e poético de primeira força: as grandes viajes por mar a terras lonjanas, misteriosas e cheias de maravilhas; as arriscadas travessias polo deserto, os assaltos das bandas de ladroes, os naufrágios... Mais também havia este elemento na vida dos antigos mercadores venezianos, genoveses, portugueses, flamengos. nom nos de hoje; a ave Roc nom ha vir procurar no seu comptoir ou no seu mostrador os nossos potentes industriais e comerciantes.

E mais assi e todo, algo diferente pudo acontecer aqui na Alemanha. Foram sen dúvida os fidalgos ingleses os Primeiros que se arriscaram a meterem-se nos negócios; mais foi Alemanha a primeira que tivo verdadeiras dinastias comerciais e industriais, semelhantes ás casas nobres, e seguidoras dum estilo moral, dumha norma distinguida de conduta superior semelhante ao estilo cavalheiresco, á regra da conduta fidalga; emporiso, nom chegaram a acadar rango épico. O dinheiro nom é poético nem é popular.

Deste jeito, a classe capitalista, acossada polo marxismo, nom topa simpatia em nengures. Os nobres desposuidos, deslocados, deixados em segundo rango; os intelectuais vendo trunfar aos que nom sabem, ficando eles na mais modesta condiçom; o resto da classe media mal-avindo mentres alguns sobem ao cume do poder e da opulência; toda esta gente sente-se no fundo da alma vingada pola insurreiçom das massas trabalhadoras.

Logo, que a congestom capitalista é um mal que nom tem mais compensaçom que produzir ou ajudar a produzir outros males: grande industria, maquinismo, superproduçom. estandardizaçom, urbanismo, vilas tentaculares, cosmopolitismo explotaçom das colónias, toadas monstruosidades que nos trouxeram, coa crise actual, ao esborralhamento das socie dades modernas arruinadas na megalómana, babélica e tola aventura científico-industrial, da que o americanismo de que antes falamos é, em Norte América, e na Alemanha, com Ford e com Stinnes, cifra e resume. E o aspecto material da nova Torre de Babel, que a incorrigível soberbia dos homes quijo erguer, e que de novo cai, no meio do mais tristeiro ridículo o ridículo infinito de todo o que se opom a Deus, como dixo León Bloy e no meio da confusom, esta vez nom das línguas, se nom, o que é pior, dos entendimentos.

O que vai dito explica de abondo o triunfo do marxismo, mais no justifica o marxismo. houvo um tempo no que cuidei que, ao menos a critica do capitalismo era unha cousa atinada em Marx. Hoje vexo que nem ainda isso está bei. Porque ademais, velaquí o erro mais tremendo da gente: a gente pensa que o marxismo em todalas suas derivaçons socialismo, sindicalismo, comunismo é oposto ao capitalismo, inimigo do capital. E nom há trabucamento semelhante. Marx e todolos seus seguidores defendem o capitalismo, ainda que cuidem o contrario. O comunismo marxista e o sindicalismo também conserva enteiramente o sistema de produçom capitalista, a concentraçom, o sistema de fábrica, o maquinismo, a produçom em série, a industrializaçom a ultrança, etc., etc. Em essência, o capital entendido em senso marxista- nom desaparece co comunismo; pola contra, segue produzindo a plusvalia a tam sonada plusvalia pois já os teóricos do marxismo cuidam bem de previr aos seus adeptos de que no sistema comunista, nom há receber cada um o pro duto integro do seu trabalho, senom que umha parte que vem ser a plusvalia do sistema capitalista tem-se que empregar no melhoramento da produçom. De modo e de maneira que o sistema vêm ser enteiramente o mesmo, so mente que o capital meios de produçom mais parte de plusvalia mudará de dono: em lugar de ser dos capitalistas, será da colectividade, ou coma se disséramos, de ninguém. Os obreiros seguirám sendo tam obreiros coma hoje.

O marxismo, fundado segundo presumem na filosofia de Hegel de Hegel o filosofastro, como lhe chamou Schopenhauer cunha base psicológica essencialmente negativa a xenreira, a inveja, o ódio dotchandála, nom por explicável e case justificado, menos ódio, menos inveja, menos xen reira: é dizer, menos sentimentos negativos resulta necessariamente incapaz de criaçom. Nom lhe vemos en Rússia criar nada novo, senom acometer co plano quinquenal, empresas industriais em grande escala, como fai o capitalismo.
Ademais, o marxismo entenebreceu o mundo moderno. Matou a ledícia de viver. Como se vai sentir ledo da vida, o que leva adentro da alma, a latejar en todolos instantes, um fundo sentimento de xenreira e de inveja, alumiado por umha filosofia materialista, fatalista e matemática, que lhe tira todo consolo, que lhe afoga todo pulo espiritual? O marxismo, a doutrina mais tristeira, mais moura que endejamais se inventou no mundo, fixo infinitamente desgraçadas a unha cheia de geraçons que aguardaram cuspindo fel a que chegue o dies iraedo proletariado, e que, se triunfam, aguardaram ainda inutilmente, coa alma envenenada de carrage, o advení mento do paraíso terrestre que nom ha chegar endejamais. A min dam-me muita pena estes obreiros moços, no melhor da vida, que topo em Stadtbahn lendo no Worwaerls ou Der rote Fahne.Levam o entrecelho enrugado pola ideia fixa, e nom abre um sorriso os seus beiços vermelhos de rapaces sans e bons. Mordeu aos pobres o verme do desespero que é o con tido da doutrina de Marx.

Eu reconheço moitas cousas. Eu reconheço que a classe obreira lhe deve muito ao marxismo, na ordem material. Reconheço que, desgraçadamente, é certo que endejamais obteriam as imensas melhoras que levam ganhado, se nom se erguesem em rebeldia, e que para unirem-se e organizarem a sua rebeldia, o marxismo aportou-lhes umha doutrina e unha bandeira, embora esta bandeira leve a cor da vingança e do sangue. Mais, compensam estas avantajes a perda da fé no sobrenatural, a perda da ledícia de viver, a perda da paz da alma, e mais ainda: os perigos que os ameaçam para o dia de manha, se é que chega a triunfar o marxismo? Compensar o grande desengano futuro?

O materialismo marxista começa a já preocupar aos alemans. Louvam o esforço filosófico de Husserl e Max Scheler porque dim que se nom som eles, o marxismo acabaria com toda a filosofia. Nos mesmos socialistas inicia-se umha recuada. Semelha que Marx chegou a cansar os melhores. Nos meios superiores e mais inteligentes e cultos do socialismo desgosta já e pom medo o materialismo crescente. Quer se-lhe dar ao socialismo um senso idealista. Para isso, muitos predicam a volta a Lasalle. Outros, coma o professor berlinense Max Dessoir a Universidade de Berlim nom conta mais que com duas figuras filosóficas de altura: Romano Guardini, da Faculdade de Teologia Católica, e o judeu Max Bessoir, socialista procuram um caminho nas investigaçons metapsíquicas. Mais isto todo indica a quebra, a descomposiçom do marxismo. As melhores inteligências comenzam a se sentirem defraudadas por ele, e vam-se arredando passeninha e inconscien temente. Mentres, segue vivendo nas massas alucinadas e desesperadas.


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